O Barroco brasileiro desenvolveu-se do
século XVIII ao início do século XIX, época em que na Europa esse estilo já
havia sido abandonado.
O barroco brasileiro varia de uma
região para outra. Nas regiões que enriqueceram com a mineração e o comércio de
açúcar – Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco –, encontramos
igrejas com talhas douradas e esculturas refinadas, feitas por artistas de
renome. Já nas regiões onde não havia açúcar nem ouro – como São Paulo –, as
igrejas apresentam trabalhos modestos de artistas menos experientes.
Expressões do Barroco Brasileiro
Profundamente ligado à religião
católica, o Barroco brasileiro está presente, até hoje, em inúmeras igrejas
construídas por todo o país. Mas está também em muitas outras construções, como
prédios públicos, moradias, chafarizes (Construções que fornecem água à
população ou servem de ornamento; fontes).
A escultura complementando a arquitetura
As talhas – ornamentos
esculpidos em madeira, mármore, marfim ou pedra – são muito presentes nas
igrejas barrocas brasileiras. Aparecem em altares, arcos, tetos e janelas,
recobrindo praticamente todo o interior da construção. Podem ter motivos
florais, figuras de anjos, espirais; enfim, formas que sugerem movimento e
quebram a monotonia das linhas retas. As de madeira, com várias cores, são
chamadas policromadas. As mais vistosas, porém, são as douradas, revestidas por
uma fina película de ouro. Em algumas igrejas, a talha se combina com a pintura,
como na igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto.
Azulejos, mais que decoração
No século XVIII eram comuns grandes
painéis azuis e brancos com cenas religiosas, figuras mitológicas ou, ainda,
cenas históricas ou da literatura, formadas pela junção de muitos azulejos.
Mais que um simples elemento decorativo, essa era uma forma de a Igreja
Católica transmitir, à população de maioria analfabeta, mensagens religiosas e
histórias bíblicas. Na imagem, observe a cena que representa a ideia escrita em
latim no alto do painel: “Pela concórdia, o povo é invencível”. Note como temos
a impressão de profundidade, com algumas figuras em primeiro plano; outras mais
atrás; e outras, ainda, mais afastadas. Veja também as molduras de azulejo do
painel: parecem as colunas e as partes mais altas das fachadas das igrejas
barrocas.
O Barroco do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro só viria a ter
destaque econômico e cultural com o início da extração do ouro em Minas Gerais,
no século XVIII. Com seu porto, a cidade passou a centro de intercâmbio entre a
região da mineração e Portugal. Em 1763, tornou-se a nova capital do país. A
partir daí, foram erguidas muitas construções.
A escultura barroca do Rio de Janeiro
contou com artistas portugueses e com um brasileiro em especial: Mestre
Valentim (1750-1813), tão respeitado quanto Antônio Francisco Lisboa, nosso
artista barroco mais conhecido e admirado. Mestre Valentim foi também
paisagista, mas suas obras mais bem preservadas são as que fez para igrejas.
O Passeio Público
Em 1783 foi inaugurado no Rio de
Janeiro o Passeio Público. Sua concepção seguiu a ideia, comum na Europa, de
que um jardim, com ruas, lagos, fontes, bosques, esculturas e pavilhões,
representaria a natureza controlada e organizada segundo a razão humana. Mestre
Valentim projetou o Passeio Público e esculpiu muitas das obras ali expostas. O
portão é trabalhado em ferro fundido: linhas curvas e retas lembram flores e
figuras geométricas. No alto do portão, há uma espécie de medalhão com as
figuras dos reis de Portugal. Observe os dois jacarés esculpidos em bronze na
Fonte dos Amores. As duas figuras parecem prontas a executar um movimento.
O Barroco mineiro:
tem início uma arquitetura brasileira
A arte barroca em Ouro Preto
A arte barroca em Ouro Preto
A evolução da arquitetura mineira não
foi rápida. Primeiro tentou-se utilizar a técnica construtiva paulista da taipa
de pilão¹. O terreno mineiro, porém, é duro e pedregoso, pobre em terras
argilosas. Mais tarde tentaram-se outros processos até chegar às construções
com muros de pedra.
Com o tempo, as diversas técnicas de
construção foram combinadas harmoniosamente com a rica decoração interior. Essa
integração teve seu auge em Minas Gerais, com Antônio Francisco Lisboa
(1730-1814).
Na pintura do Barroco mineiro
destaca-se Manuel da Costa Ataíde. Sua pintura nos forros de igrejas revela
excepcional domínio da perspectiva.
O principal escultor do Barroco do Brasil
Além de arquiteto e decorador de
igrejas, Antônio Francisco Lisboa foi escultor. Existem inúmeras obras suas em
museus e igrejas, principalmente em Ouro Preto. Mas é a cidade de Congonhas do
Campo que abriga seu mais importante conjunto escultórico.
Na ladeira à frente da igreja foram
construídas seis capelas, três de cada lado. Em cada uma delas, um conjunto de
estátuas de madeira em tamanho natural narra um passo da paixão de Cristo.
¹ Técnica comum no Brasil que consiste
em erguer paredes com blocos de barro comprimido dentro de uma forma de madeira
denominada taipal.
TRABALHO AVALIATIVO
ATIVIDADE: Escolher dois destes
artistas do Barroco brasileiro e pesquisar sua vida e obra: (colocar no
portfólio)
· Antônio Francisco Lisboa;
· Manuel da Costa Ataíde (Mestre
Ataíde);
· Mestre Valentim;
· Frei Jesuíno do Monte Carmelo.